No entanto, panorama compilado pela Federação Varejista do RS aponta incerteza no cenário econômico
Mesmo com resultados melhores do que no restante do Brasil em março de 2025, o comércio do Rio Grande do Sul vive momento de incerteza nos próximos meses, conforme indica o Panorama do Comércio RS de maio, organizado pela Federação Varejista do RS.
No Comércio Varejista acumulado do primeiro trimestre do ano, o Estado teve crescimento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano ado. No nível nacional, este índice foi de 1,2%. Quando considerado o acumulado do Varejo Ampliado, o rendimento dos setores no Rio Grande do Sul também é melhor: 6,8% contra 1,1% no país. No entanto, em maio, a definição da Taxa Selic de 14,75%, o maior índice em dez anos, acende sinal de atenção na economia.
Ao avaliar os setores do comércio, o desempenho gaúcho também é melhor do que o nacional, embora com variações percentuais menores do que nos últimos meses e com características diferentes do observado desde o segundo semestre do ano ado. O setor com melhor desempenho no comparativo com março de 2024 foi o de material de construção, com 13,6% de crescimento, seguido pelo setor de tecido, vestuário e calçados, com 9% e a novidade dos combustíveis e lubrificantes, com variação positiva de 7,3% no Rio Grande do Sul, No Brasil, esta variação ficou em apenas 0,9%.
Por outro lado, os setores de hipermercados e supermercados (4,3%) e atacadista de alimentos e bebidas (4,8%), que podem ser considerados símbolos do consumo gaúcho durante todo o último ano, com variações em praticamente todos os meses na casa dos dois dígitos, desta vez, não aram dos 5%. Ainda assim, acima dos desempenhos nacionais. Entre os setores com desempenho positivo, o único gaúcho com variação menor do que o Brasil foi o de móveis e eletrodomésticos, com 1,5% no Rio Grande do Sul.
Os empregos continuam em alta. Em março, o saldo do Estado foi de 8.960 vagas de emprego e, especificamente no Comércio, de 1.200 vagas. O setor itiu quase 40 mil pessoas no terceiro mês de 2025. No entanto, já considerando os dados de abril, a inflação em Porto Alegre acelerou mais do que a nacional. O IPCA na capital gaúcha foi de 0,95%, enquanto no Brasil, de 0,43%. Também com uma característica diferente dos últimos meses, os consumos de alimentos e bebidas e de combustíveis e lubrificantes igualam-se em peso na inflação de Porto Alegre, cada uma representando 21% deste consumo.
Reflexos no crédito
Também em abril, os dados do SPC apontam aumento no número de inadimplentes de 1,97% nos últimos 12 meses. No comparativo com março, também houve alta, de 0,41%. Ambos os levantamentos, porém, ainda são menores do que os nacionais. O tempo médio de atraso dos inadimplentes gaúchos é de 26,9 meses, com uma dívida média de R$ 4.935,26. Entre os devedores, 86,89% são reincidentes, sendo que 64,38% deles não saiu dos registros do SPC nos últimos 12 meses. O índice é alto, mas com redução de -7,91% de reincidentes em relação a abril do ano ado.
O levantamento também aponta diminuição na capacidade dos gaúchos em recuperar crédito. Nos últimos 12 meses, houve redução de -5,56% nos consumidores que pagaram suas dívidas, um volume, porém, ainda superior à Região Sul e ao Brasil. Em abril, o consumidor gaúcho pagou em média R$ 2.775,20 no acumulado das dívidas. No entanto, em quase 60% dos casos, a dívida é de até R$ 500.